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Os incêndios na Amazônia geraram uma discussão absolutamente imprópria e irracional. O governo federal, como tem acontecido com outros temas de importância, foi desatento ao problema real e preferiu partir para a emulação. Primeiro, passou a negar as evidências, depois, no espírito de "grenalizar" tudo, passou a querer demonstrar que as queimadas de agora são iguais ou menores do que as ocorridas em anos anteriores, além de partir para um bate-boca internacional num nível rasteiro jamais visto e tentou jogar a culpa das queimadas às ONGs. Enquanto isto, a Amazônia estava em chamas.
A maioria caiu na armadilha de discutir se a febre que queimava era verdadeira, se era causada propositalmente, se algum dia o paciente teve mais febre do que hoje, mas, quem tinha a responsabilidade de atender o paciente (no caso, comparativamente a Amazônia) não se preocupava em aplicar qualquer remédio, mas apenas se isentar de responsabilidade, procurar culpados ou demonstrar que o que era evidente não existia.
Há dados indesmentíveis que apontam que o Ibama aplicou um terço a menos de multas a infratores ambientais em 2019 do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do próprio órgão. A queda no número de autuações coincide com um aumento dos registros de desmatamento e de incêndios florestais em 2019. Considerando todos os tipos de infração ambiental em todo o país, o Ibama diminuiu em 29,4% as autuações até o dia 23 de agosto, quando comparado com o mesmo período de 2018.
Não tem como negar as autoridades e ambientalistas que afirmam que a queda no número de multas está ligada a sinais emitidos pelo governo federal desde o começo do ano contra supostos excessos na fiscalização e a trocas de profissionais em postos-chave do Ibama.
Depois do estrago feito, da perda de energia em discutir absurdos, a letargia em reagir e a falta de uma orientação política segura sobre as questões ambientais, sobrou o desgaste da imagem do país no estrangeiro, que deu oportunidade a que países que viam com ressalvas a adesão do Mercosul a União Europeia ganhassem força. Além disto, o agronegócio brasileiro, que tem sido a locomotiva econômica do país, sai abalado em razão de restrições que começam a ser feitas à compra de nossos produtos.
O governo federal, com esta verdadeira lambança (que de certa forma tem caracterizado sua forma de agir) jogou o país mais fundo no poço do qual estamos tentando sair.
Os problemas do agronegócio começam a crescer, a indústria nacional está praticamente estagnada, o comércio e a prestação de serviços penam com a crise econômica que cada vez se mostra maior. Milhões de desempregados, subempregados, funcionários públicos com salários parcelados, incerteza quanto a aposentadoria, esperam desesperadamente que seja apresentado um plano viável para sairmos do buraco em que nos metemos. Mas, incrivelmente, parece que estamos seguindo os passos da Venezuela, onde Maduro se mostra mais interessado em negar a obviedade da crise, perseguir opositores e procurar culpados para sua ineficiência, enquanto reduz um país rico em recursos naturais à indigência.
Já é hora de declarar encerrada a eleição de 2018, parar de pensar na vindoura de 2022 e deixar de lado estas discussões pueris e focar na busca de soluções para esta realidade brutal a que estamos submetidos.